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O Café

A empresa.

O café e a angústia.

A Psicanálise como caminho.

Freud e Lacan no mundo corporativo.

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Me chamo Vivian Greco, e faço parte do mundo corporativo há mais de 15 anos, atuando em diversos segmentos. Através da metáfora das cafeteiras que frequentei e dos cafés que provei nas empresas, vou me apresentar e descrever a minha experiência pelos corredores do mundo corporativo. Sem os famosos “intervalos para o café”, minha vida profissional não teria sido a mesma.

 

Permita-se ser levado por esse agradável aroma, e espero que o seu café esteja quente!

 

O ponto de partida dessa jornada foi como estagiária no escritório do meu pai. Passei a frequentar o primeiro café “corporativo” do que ainda viriam a ser muitos. Ele era solitário, ouvia apenas alguns sussurros, nada muito definido, pouca interação comigo. Não entendia e nem tinha maturidade para entender o que aquele espaço e aquela bebida poderiam representar na rotina de trabalho das pessoas; eu não fazia parte daquilo. Fui em busca de um café para chamar de meu.

 

Aprovada na minha primeira entrevista de emprego em um renomado escritório de advocacia em São Paulo, estágio que durou aproximadamente 6 meses, provei pela primeira vez o gosto do café expresso: forte, intenso, um soco no estômago. Tudo acontecia ali – fofocas, intrigas, romances, o início do que hoje consigo nomear como angústias corporativas. Era forte demais para mim!

 

Sai em busca de algo mais equilibrado para o meu paladar; estagiária em um banco, um belíssimo banco, obra de arte no hall de entrada, mesa própria, triturador de papel para cada estagiário – glamour! O café, nessa época, era no quarto andar todos os dias, era doce, uma delícia. Achei que poderia tomar café doce pelo resto da minha vida. Durou 1 ano, o banco em que eu trabalhava deixou de existir, fomos incorporados, e a qualidade do café caiu.

 

Foquei no próximo, o que seria o café mais frequentado por mim e de gosto mais amargo, aprendi a gostar do café sem açúcar. Na época, achava que estava fazendo uma escolha própria, mas o café escolhido por mim naquele momento também tinha sido a escolha do meu pai por 18 anos – aqui, mais do que nunca, o jargão "Freud explica" é aplicável. Ali, aprendi o verdadeiro significado do café corporativo, com toda a sua complexidade, amargores, doçuras, choros e risos – hoje reconheço que quase na mesma proporção.

 

Esse café me levou para a terapia, então, de certa maneira, devo muito a ele. Foram quase 10 anos, de  terapia e de café amargo.

 

Tomei café em casa por um tempo, até me recuperar do que chamo de "experiência traumática causada pelo café" e voltar a frequentar outro café, novinho em folha, aroma delicioso. Acreditei estar provando um sabor totalmente novo; porém, não demorou muito para que o café provasse ser igual, o mesmo amargor.

 

Como assim? Como era o mesmo café se a cafeteria era diferente? Como era o mesmo café se meu paladar não era o mesmo?

 

Bom, essas dúvidas pairaram pela minha cabeça e paladar por quase 5 anos. Culpei o fornecedor de café, culpei a máquina, a qualidade da cafeteria; nada foi o suficiente para justificar como eu poderia estar provando novamente o mesmo café. Fui em busca de respostas, não queria mais continuar provando daquele gosto.

 

A partir daí, voltei a frequentar o café corporativo outra vez, mas com o entendimento de que o meu paladar deveria mudar, pois o café seria sempre o mesmo.

 

A psicanálise foi o meio pelo qual passei a entender melhor sobre o café, seus sabores e aromas. Hoje sou barista em formação, e a teoria psicanalítica foi o meio pelo qual me especializei nos cafés e procurei melhorar a qualidade deles.

 

Através de Freud e Lacan, buscarei explicar a complexidade das emoções que habitam o mundo corporativo e como fazer para que elas sejam trabalhadas de maneira a render um bom café!

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